Conversando com o João
Transcrevo hoje a conversa que tive com o meu amigo João Gomes da Malhada Velha
João-Hoje como não havia muito trabalho na horta dediquei-me ao artesanato. Vou mandar-lhe umas fotos do meu trabalho (bricadeirinha) de hoje.Não sei se em Bogas se usavam aquelas armadilhas para apanhar peixes, feitas de verga de salgueiro
quando eu era pequeno usavam-se muito para apanhar peixe aqui na ribeira da Malhada
Luis-Para apanhar peixes eu só me lembro da vara e da linha com o anzol
João-No verão andavamos sempre na ribeira aos peixes, e tambem a fugir do guarda-rios
Luis-Agora para apanhar os melros e as perdizes usavam se aquelas varas dobradas a fazer de avoizes
João-Então vou mandar a foto daquelas armadilhas dos peixes para ficar a conhecer
Luis-Falando na ribeira, essa ribeira da Malhada é a mesma que passa em Bogas?
João-É. Por isso é que se chama a ribeira de Bogas
embora eu agora lhe tivesse chamado a ribeira da malhada
Luis-Então tambem é por isso que continuam a dizer... chove no descoberto, cresce a ribeira de bogas
:
João-e é uma grande verdade
isso é
Luis-E olhe que a ribeira a partir do covão do açor até á foz no Zezere é linda
com todos aqueles açudes e as margens quando bem tratadas torna se muito giro
e como corre por terrenos mais planos ja faz alguns lagos
quando não falta agua
João-Noutros tempos a nossa ribeira era de facto bonita,mas agora com os terrenos por cultivar,e a própria ribeira cheia de silvas
Luis-Como podemos ver na postagem que fiz sabado, a ribeira ao passar ao lado de Bogas com aqueles terrenos cultivados e rodeada de salgueiros nas suas margens, é uma beleza
João-Ainda é bonita ,mas como eu me lembro de a ver quando eu era pequenito ,há uma grande diferença
Luis-Ah sim tambem eu me lembro bem quando faziamos do poço caldeireiro a nossa piscina,saltando de alturas de mais de 10 metros, até de cabeça era uma festa
Joãoisso não existe mais
Luis-Quando viamos correr aquelas levadas a fazer rodar os moinhos e até os lagares como acontecia em bogas em dois sitios diferentes
João-coisas que ficaram em lembrança...hoje existe apenas a recordação. Essas levadas de água limpida ja não se vêm correr
Não existem moinhos nem lagares a funcionar a água
Luis-É, porque além de faltar agua tambem a tecnica moderna revolucionou estas fabricas
João-mais limpeza menos mão de obra e poupança nos custos
é o progresso... é bom por um lado mas tambem tem os seus contras
pelo menos quando o trabalho era feito com aqueles engenhos (lagares e moinhos) e todos os trabalhos da agricultura, não havia desemprego. O trabalho chegava para todos...até para as crianças
isso é verdadeas pessoas só se reformavam quando morriam
Luis-mas tambem não se vivia melhor que hoje
hoje reclamamos e nessa altura nem isso podiamos fazer
João-Eram tempos duros,lá isso eram, nem eu falo deles com saudade
Comentários
voz do goulinho
ALA poemas
Quando venho aqui sinto uma saudade... como se fosse minha também... como se esses lugares fossem também um pouquinho meu, mas deve ser a tua saudade manifestando-se em mim.
Grande abraço
Angel