Recordações que o tempo não apaga
A segunda imagem que podemos ver mais abaixo é uma panoramica geral da linda aldeia da Ladeira de Nossa Senhora do Carmo, pertencente á Freguesia de Bogas de Baixo Concelho do Fundão e do Distrito de Castelo Branco
Sobre a sua capela existe uma história que já uma vez publiquei e que me foi contada por um amigo, o José Martins que sendo do Ingarnal tinha tambem aqui a sua descendencia paterna
Dizia ele:
Os meus avós moravam ao fundo daquelas escadas que dão para a capela.
A minha tia e madrinha Maria Martins quando era miúda (tinha para aí 8 ou 9 anos) começou a dizer que quando ia à capela a Srª do Carmo estendia os braços para ela e lhe queria pegar ao colo.
Claro que aquilo provocou alarido na população.As pessoas chamavam-lhe maluca, os meus avós ralhavam com ela, mas ela teimava é verdade,não me importo que me chamem maluca.
Um dia quando o padre de Bogas veio lá dar as Boas-Festas, o meu avô pediu-lhe; ó Sr. prior a minha garota anda aí com uma cisma e contou-lhe a situação.
A gente ralha com ela mas ela não tem emenda, se o sr padre lhe passase um raspanete talvez ela se calasse com aquilo.
O padre chamou-a e disse-lhe olha minha menina os santos não gostam de meninas mentirosas, se continuas a dizer isso a Srª do Carmo vai deixar de gostar de ti. Mas sr. padre eu não sou mentirosa, o que eu digo é verdade.
Então o padre disse: o caso é mais sério do que voces pensam.
Vamos lá à capela ver o que se passa.
Quando lá chegaram o padre disse afinal a miúda não está tão maluca como voces dizem.
Então a santa está quase a cair do altar, inclinada para a frente, é isso que provoca na garota a ilusão que a srª do Carmo lhe quer pegar ao colo.
O que se passou afinal?
Então os homens tiraram a santa e o que é que verificaram?
A tal cerejeira tinha desenvolvido uma raiz atraves da parede que é de pedras e barro (acho que tem mais barro do que pedras) e foi alojar-se aos pés da santa, possivelmente atraída pela humidade resultante da água que caía dos vasos das flores ali existentes.
O lugar onde está a santa é um nicho na própria parede da capela.
A raíz foi crescendo e vai de empurrar a santa do altar.
Claro que nessa altura cortaram a raíz, puseram a srª do Carmo na sua posição vertical e assim a srª do Carmo se livrou de cair do altar
Vejam só os problemas que uma cerejeira arranja.
Aqui nós podemos ver como realmente as gentes da Ladeira disfrutam de ar puro e lidas paisagens
Entretanto no outro lado do monte existe tambem uma pequena aldeia que é o INGARNAL
Por isso na minha adolescencia muitas vezes subi este monte e desci de um lado para o outro, umas vezes a caminho do Ingarnal e outas no sentido inverso a caminho de Bogas de Baixo
O Ingarnal é a terra do meu pai, dos meus avós paternos e de uma vasta familia que foram desaparecendo com o tempo restando hoje apenas amigos e alguns familiares já afastados
Nem por isso o Ingarnal deixa de ter um lugar no meu coração e me traz recordações que o tempo dificilmente apagará.
Na minha tenra juventude ali passei varias temporadas na companhia dos meus avós, dos meus tios e primos
Quem muito raramente passa por aqui, parece lhe uma aldeia perdida no tempo. Hoje terá menos de trinta pessoas a morarem na aldeia.
Muitos Ingarnalenses emigraram para varios paises e deixaram de investir aqui, para o fazerem compreensivelmente nos meios mais desenvolvidos servindo se apenas da aldeia para passarem por cá durante meia duzia de dias para matar saudades
Esta pequena aldeia chegou em tempos a ter uma grande azáfama , Havia lojas de comércio, tavernas, alfaiate , sapateiro etc etc
Como todas as aldeias vizinhas situadas nas abas da serra da Gardunha, o Ingarnal possui tradições e costumes muito comuns entre elas
No que diz respeito ao artesanato, no Ingarnal existiam os teares onde se confecionavam
bordados de tear e mantas de trapos
Á mesa podiamos saborear uma otima gastronomia que ainda hoje em tempo de convivios familiares e de amigos se podem ver á mesa, tais como: Maranhos, Enchidos e Cabrito no Forno de Lenha
Tijeladas, Filhós fintas e Biscoitos de Azeite
Celebrava se antigamente a festa em honra de Santa Ana - no segundo Domingo de Outubro, passando para o primeiro Domingo de Agosto no auge da emigração. entretanto ficaram apenas as recordações dos bons momentos que este evento nos proporcionava porque há muitos anos não se realiza mais
No cimo do monte para a direita fica o Ingarnal e para a esquerda a Ladeira, Maxial, Bogas etc
Existe tambem hoje, um grande parque eólico que veio no minimo dar alguma vida a estas aldeias
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